notas de campo de um formador

quinta-feira, 31 de março de 2011

Notas apressadas sobre avaliação

        A avaliação, em contextos de formação de adultos deve, a meu ver, ser um instrumento de valorização do trabalho que este executa. A justificação para tal asserção pode, no entanto, ser construída a partir de duas perspectivas diferentes. Por um lado, podemos analisá-la do lado do formando: saber em que ponto se encontra permite-lhe procurar, de uma forma mais autónoma, caminhos formativos mais ajustados às suas necessidades. Por outro, e essencialmente em contextos de formação profissional, uma avaliação séria do impacto da formação revela-se indispensável se se pretender medir a sua efectiva valia em termos de criação de valor para a empresa. Até aqui, tudo bem.
        Os problemas surgem quando o formador se confronta com aquilo a que, difusamente, chamo falta de propósito. Demasiadas vezes encontramos formandos que buscam na formação, não tanto uma forma de adquirir competências, mas sim um exercício de escolaridade substituta. A avaliação, em vez de ser encarada como um instrumento de progressão e auto-melhoramento, transforma-se assim num fim em si mesmo, degenerando frequentemente em mera obsessão numérica. Resquícios do pior das lógicas escolares… Por outro lado, e da perspectiva das empresas, o mais frequente é um completo desinteresse em relação à avaliação: cumprida a formalidade legal da formação, medida simplesmente em horas, pouco mais acontece.
           Quantas vezes, na vertigem da vida profissional de hoje, marcada por uma solidão e um desinteresse crescente, não optamos pela solução mais fácil? Não cabe a um homem só resolver todos os problemas de um determinado campo de acção profissional, certamente... Cabe-lhe, no entanto, com toda a certeza, reflectir. Farei isso ao longo dos quilómetros que me separam do meu local de trabalho de hoje.